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Evento realizado pelo CEAD/UFPI promove debates com o tema “Fake News -Verdade, Mentira e Engano”

  • Publicado: Sexta, 19 de Abril de 2024, 11h10
  • Última atualização em Sexta, 19 de Abril de 2024, 11h12

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Com objetivo de combater as desinformações e os discursos de ódio, as palestras trouxeram professores e pesquisadores para o diálogo

Nos dias 01, 02, e 03 de abril de 2024, o Centro de Educação Aberta e a Distância da UFPI (CEAD/UFPI) realizou um evento online que contou com três mesas redondas com o tema “Fake News -Verdade, Mentira e Engano”. As mesas redondas estavam compostas por profissionais da comunicação, bem como de profissionais atuantes dentro da Universidade Federal do Piauí.

De acordo com coordenador do evento, Prof. Ubirajara Assunção, o tema “Fake News” não afeta somente a sociedade externa, mas também tem afetado o ambiente acadêmico. O coordenador pontuou a importância de levantar o debate e tentar dar uma visibilidade maior acerca do tema na própria Universidade, que não está isenta dessas ações, como algo que seria totalmente externo à academia. “O objetivo deste momento foi promover os debates e as discussões sobre as Fake News e, com isso, buscar combater as informações falsas, depreciativas e as mentiras que têm crescido na mídia nos últimos anos, tanto no contexto da sociedade como dentro da academia, além de também combater os discursos de ódio”, afirma Ubirajara. 

O primeiro dia do evento (01/04) contou com a palestra da doutoranda e jornalista Rannyelle Andrade com tema “Desinformação, discursos de ódio e redes sociais”. Também presente, o encontro recebeu a palestra da Prof.ª Dr.ª Ana Regina Barros Rêgo Leal com o tema “Desinformação, inteligência artificial e ordem do tempo”. As palestras foram mediadas pela Prof.ª Dr.ª Lívia Fernanda Nery da Silva.

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Sala online com a mediadora Prof.ª Dr.ª Lívia Fernanda Nery da Silva, a Prof.ª Dr.ª Ana Regina Barros Rêgo Leal e a pesquisadora e jornalista Rannyelle Andrade

Na abertura do evento, a mediadora Prof.ª Dr.ª Lívia Nery destacou a importância da educação midiática como forma de construção do pensamento crítico. Ainda em seu discurso de abertura, a Nery destacou a grandeza das duas palestrantes/pesquisadoras do primeiro dia, e já propôs as reflexões sobre a perspectiva das redes sociais, os discursos de ódio e as fake News, a fim de fomentar os debates.

Na sua fala, a pesquisadora Rannyelle Andrade apresentou sobre os conceitos de desinformação e tudo o que ela pode causar. “A desinformação tem uma intencionalidade. Não é só compartilhar uma mentira, pois, existe a intenção de enganar a pessoa para causar um tipo de dano para aquela vítima naquele tipo de conteúdo”, afirma a palestrante. Ela ainda destacou que existem estratégias para que se promova a desinformação, que são desenvolvidas em campanhas para a disseminação e legitimação.

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Rannyelle Andrade fala sobre os conceitos de desinformação

A doutoranda Ranyelle Andrade fez ainda um questionamento sobre o porquê se compartilha a Fake News. Para a pesquisadora, isso se dá pois, na maioria das vezes, a desinformação vai colaborar com os valores prévios, e, porque existe uma relação de confiança com o emissor. Ela também considera o fator do comportamento automatizado. Ainda conforme a palestrante, uma Fake News pode ameaçar a segurança de alguém. Por isso, é necessário a veracidade da informação. “Menos emoção, mais razão”, destaca.

Já a Prof.ª Ana Regina começou falando do contexto complexo de novas tecnologias, a qual a sociedade está inserida, e de como passamos a fazer parte desse contexto. Sobre a perspectiva da definição e conceito de informação, a professora Ana Regina afirma que a informação é um direito constitucional: “a informação é extremamente necessária para um processo democrático, seja ela no microambiente seja num macroambiente”, explica a professora.

A professora Ana Regina destacou ainda que “a informação é utilizada por um mercado da desinformação que se utiliza da potência da informação para se vender. E esse mercado da desinformação lucra muito com a desinformação. E para que possamos combater as desinformações existem os antídotos tão essenciais na luta contra a desinformação que são a ética, o respeito, a honestidade, a integridade, os relacionamentos, afetos e a educação”, pontuou a docente.

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Professora Ana Regina apresentando os antídotos contra a desinformação

Por fim, a professora destacou a tristeza imensa que sente quando ocorrem fatos de desinformação e Fake News dentro da Universidade. Para a professora, a academia não é o lugar para a desinformação e tampouco lugar para os discursos de ódio. “Abrir para a esperança” conclui a Professora Ana Regina. A professora ressaltou uma mensagem publicada pelo Superior Tribunal Eleitoral em uma campanha contra a mentira, em 1º de abril, que dizia: “Você se torna extremamente responsável por aquilo que você compartilha”. A docente complementou afirmando que “Se você joga ódio, mentira, desinformação em qualquer grupo, você é responsável e pode ser responsabilizado civil e penalmente”, concluiu.

O fim do primeiro dia do evento se encerrou com debates das ministrantes, promovendo diálogo dos temas abordados durante a mesa redonda. Foram postos em pauta tópicos sobre quão grande podem ser as consequências advindas das fakes News e da desinformação. A mediadora do evento, Prof.ª Lívia Nery, acredita que a forma de compreensão da desinformação precisa ser diferenciada.

O segundo dia da ação (02/04), teve como tema “Fake News: Verdade, Mentira e Engano”, e contou com a presença dos professores Maurício Fernandes, professor do programa de pós-graduação UFPI, que falou a respeito das Explorações Filosóficas sobre Fake News e outros Oráculos Contemporâneos; e do professor Ubirajara Santana Assunção, que expôs seu pensamento acerca de como se defender de Fake News, golpes e factóides por meio do pensamento crítico.

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Professores Maurício Fernandes e Ubirajara Santana Assunção fazendo a abertura do segundo dia de evento com mediação do professor Dayvide Magalhães de Oliveira

Durante o seu tempo de fala, professor Maurício traçou um paralelo com uma das Máximas do Oráculo Delfos, citado na obra de Platão, para explicar o que ele aponta como os elementos e critérios decisórios na pós-verdade, onde, segundo ele, “os sujeitos passam a abdicarem dos Fatos e das evidências e adentram em uma área obscura, a área da convicção”. Para ele, isso ocorre, pois “a natureza se apresenta tal qual ela é, e nós a interpretamos a partir de nossas opiniões e convicções”. 

O outro elemento considerado crucial para a propagação das Fake News, pontuado pelo professor, “é a total inexistência de vínculo com os dados”, onde materiais são editados de forma tendenciosa para que converse com a convicção do público, e assim, a “sociedade passe a ter um forte impulso no partilhamento de informações que são falsas, justamente porque, no seu interior existe convicção”, frisou.

Após discorrer sobre os motivos de os seres humanos propagarem mais fake news do que as máquinas, e sobre o apontamento das novas tecnologias como os oráculos da contemporaneidade, ele encerra sua apresentação: “Nós estamos procurando na realidade, não só procurando, mas alimentando oráculos errados. Porque o oráculo dos oráculos não é a máquina. O oráculo dos oráculos é o próprio homem”, concluiu o Prof. Maurício Fernandes.

Com uma apresentação voltada para o combate das fake news, o professor Ubirajara Santana destacou a importância do ‘pensar criticamente’. “Devemos aplicar no nosso cotidiano o pensamento crítico. Uma das ferramentas que podem ser utilizadas no pensamento crítico é a lógica informal. O uso se faz necessário, pois permite a análise de estruturas de argumento, que geralmente contém frases ambíguas, ou, frases que escondem uma determinada intenção, afirmou Santana.   

Durante sua participação, o professor defendeu a utilização de métodos questionadores como a principal ferramenta para o combate a fake News. “Algumas perguntas que devem ser feitas também do argumento em si, pois por mais que um argumento seja bom ou forte, tem de saber se ele está dentro da realidade dos fatos”, encerrou. 

O terceiro dia (03/04) de debates foi marcado pela mesa redonda “Fake News – Verdade, Mentira e Engano” mediada pelo Professor Ubirajara Santana. Os convidados para essa conversa foram os professores Jaaziel de Carvalho Costa, Professor da UFPI, no campus de Picos, e Dayvide Magalhães de Oliveira, Professor do CEAD/UFPI.

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Mesa redonda com os professores Jaaziel de Carvalho Costa e Dayvide Magalhães de Oliveira mediada pelo professor Ubirajara Santana

Dando início ao debate, a discussão sobre fake news e bolha epistêmica, o Prof. Jaaziel apresenta diversas definições sobre o que é Fake News.  “Se algo é uma fake news, então, por design, ela simula notícia, porém veicula falsidades ou manipula informação verdadeira de modo a induzir a formação de crença falsa, ou extraviar uma população de fontes de informação verdadeira, com objetivo de manipulação em grande escala, tendo em vista algum ganho de capital, financeiro ou político”, ressaltou. 

Em relação à criação de uma bolha informacional, Costa pontua que essa bolha não é social, mas sim epistêmica, onde há características que definem essa existência da bolha, que são o grupo e a rede de crenças. Para ele, o grupo é um composto de agentes que compartilham das mesmas crenças e práticas sociais. Já a rede de crenças corresponde ao agrupamento de proposições lógicas, interligadas sistematicamente, criadas por todos ou quase todos do grupo. Além desses problemas citados, o docente também pontua a existência das câmaras de eco, onde aquelas crenças são confirmadas por indivíduos que compartilham das mesmas ideias.

O Prof. Dayvide Magalhães de Oliveira, que debateu sobre Fake News e disposição epistêmica para adesão a crenças falsas, apresentou sua argumentação a partir da perspectiva daquele que se deslumbra pelas crenças da bolha epistêmica. “As perspectivas de um objeto são construídas a partir do contexto e da visualização de cada indivíduo e as fake News são certezas subjetivas do agente que as acredita. E há a existência de um componente não objetivo, de natureza mais psicológica e menos epistemológica, que pode contar como elemento no processo de adesão a qualquer crença”, concluiu.

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